domingo, 14 de dezembro de 2014

O (in)esperado encontro

Bologna. A cidade que me esperou por tantos meses. Encontro já certo o nosso, mas com data incerta. Entre arranjos e desarranjos, marcamos de nos encontrar na quinta-feira de 4 de dezembro. A principio temerosa pela ideia de viajar sozinha, eu ao mesmo tempo ansiava por essa oportunidade de ver a cidade de jeito diferente (um jeito só meu). Então eu fui. E fui maravilhosamente bem recepcionada pela cidade através da Via delle Belle Arti e dos que ali moram, o casal brasileiro há décadas amigo dos meus pais.

E o que vivi nos dias que se seguiram naquela cidade foi o que nem a minha amada Roma tinha conseguido me proporcionar. A começar pela sensação de me sentir em casa: eu ainda não tinha conseguido me sentir em casa na Itália, e os queridos Anselmo e Maristela conseguiram facilmente me deixar à vontade e em casa. Porque de fato não é fácil passar seis meses sem essa sensação. Então obrigada, Anselmo e Maristela, por terem me recebido de portas abertas com tanto carinho e cuidado e preocupação. Tenho 
certeza de que meus pais agradecem também.

Mas não foi só o saudosismo brasileiro. Bologna me encantou também pela sua arquitetura, seus pórticos, suas torres e seus palácios. Além da Sala Borsa, a biblioteca com que sempre sonhei: espaços chamativos, móveis coloridos, pessoal acolhedor, atividades culturais e serviços para atender a demanda de todos que a frequentam.



A comida também não deixou nenhum pouco a desejar. Macarrão à bolognesa, sorvete, waffles, cornetto, piadina. Tudo deliciosíssimo. Além, claro, dos indizíveis pratos da Maristela.



Mas o que me encantou mesmo foi viver a Bologna musical. A cidade respira história mas respira principalmente música. Em cada esquina do centro se viam as mais variadas manifestações musicais, ali, nas ruas, para quem quisesse escutar. De uma banda de instrumentos clássicos a um grupo de estudantes que cantavam animadamente musica popular e faziam das suas vozes melodia e letra. Foi também apenas em Bologna que vi a coleção mais incrível de pianos e cravos, com pinturas belíssimas que correspondiam à altura a delicadeza e magnitude desses instrumentos (a coleção Tagliavini), e os infinitos instrumentos das mais variadas épocas no Museu da Música. Além das músicas a céu aberto (ou quase aberto, por conta dos pórticos), assisti a um incrível concerto de voz e harpa no Oratório Santa Cecilia e assisti ao concerto mais inesperado e encantador da minha vida: um grupo de três homens e duas mulheres que se apresentou no Museu Cívico Medieval cantando/tocando músicas da Idade Média com (pasmem!) instrumentos da Idade Média.


Bologna de fato me surpreendeu e me presenteou. Agora, depois de quatro dias na capital romagnola, retorno a Roma. E carrego todos esses presentes cá dentro de mim.

2 comentários:

  1. Um dia, talvez...

    Já amo Bologna sem sequer conhecê-la... A não ser com os olhos da imaginação e da sensibilidade, guiados pelo lindo e inspirado texto da Larissa Mota. Um dia, talvez, eu vá conhecê-la pessoalmente, querida Bologna. Com um receio: a de que meus olhos não enxerguem a sua grandiosidade artística que resiste à implacabilidade dos tempos; essa grandiosidade que os olhos sagazes de Larissa Mota captaram e que sua extraordinária comunicabilidade transmitiu nas linhas e entrelinhas do texto que ora comento.
    Se esse meu receio se concretizar, minha já querida Bologna, prometo olhar mais para dentro de mim que para fora, pois cá dentro a sua grandiosidade está indelevelmente esculpida pelo cinzel de uma artista das letras; uma brasileirinha já meio italiana que tanto amo!

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    1. Que lindo, paizinho. A artista das letras ficou sem palavras. Rs. Te amo

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