sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

From Europe to (L)ove


E de repente ela se viu em plenitude com aqueles sentimentos. Um turbilhão de sentimentos desconhecidos. Ela provou um pedaço, sentiu o gosto – e quis mais. Ansiou por mais. Desejou como criança que deseja o doce que a mãe guardou no alto. Estava fora do alcance.
Mas a menina queria. A menina desejava.
A princípio era só desejo. Mas era desejo novo. Era desejo pela primeira vez saciado.
E quem não quer saciar o desejo?
A criança insistiu. Queria o doce. E não queria apenas uma mordida. Queria inteiro. Queria provar mais, sentir mais. Queria continuar a degustá-lo, queria engoli-lo, fazê-lo parte dela.
E então a menina insistiu. Insistiu naquilo que muitas vezes parecia inalcançável.
Ela não podia desistir daquela sensação que parecia ser a melhor do mundo – e de fato era.
E na insistência ela foi experimentando. Degustando cada vez melhor. Sentindo um novo detalhe no sabor a cada vez que o experimentava novamente.
E o que era desejo se tornou amor.
Porque toda criança é apaixonada por doces. Mas sempre tem um doce que é muito mais do que paixão.
De desejo a paixão. De paixão a amor. De amor a companheirismo.
Companheirismo é o sentimento que acompanha.
Se você vai para outro continente, eu te acompanho – disse o amor. Ao menos tento. Experimento. Provo.
E provamos. Degustamos um sabor muitas vezes amargo. Era o fel da distância.
Mas ao final se sente aquele gosto doce, suave. Aquele gosto que acalma e diz “até aos piores gostos se adapta e em todos eles há um quê de delícia”.
Nos deliciamos então. Aproveitamos. Para fazer novas amizades, para reaproximar as antigas. Para fortalecer laços. Para experimentar a união como nunca.
Porque não é preciso estar lado a lado para unir. De corpos unidos nos tornamos união de almas. E não há terra, não há mar, não há mundo que separe almas unidas.
Que se acompanham dia a dia. Que se integram. Que se entregam. Que entrelaçam. Que se apoiam.
Obrigada pelo doce que você me proporcionou provar. E obrigada por provar comigo a distância por vezes tão amarga – e por me ajudar a torná-la mais digerível.
Obrigada por comigo me unir. Obrigada por me alcançar a alma mesmo de longe.
És com quem degusto a vida. E me delicio – em ti.

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