terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Gratidão

Aquela sensação não conseguia se manter ali dentro. Era sensação de alegria. De dever cumprido. De "cheguei à reta final". 
Fiz meu último exame ganhando elogios do professor e um certo orgulho por ter escrito um artigo todo em italiano. Aquele professor que parece meu pai em calmaria e ao mesmo tempo transparece a serenidade de um padre. Ele me fez querer sair dançando e cantando naquela leve chuva.
Me contive, é claro. Mas não contive o sorriso e saí de lá decretando FÉRIAS. E férias de fato. De tudo. Ao menos por algumas semanas, antes de (re)iniciar a vida de trabalho e estudo incessante.
Foi (tem sido) indizível a experiência do intercâmbio. E no entanto tenho tanto a dizer.
Hoje me limito a dizer Obrigada. A Elisa, Alessandra e Martina, as incríveis funcionárias da área internacional da Sapienza que não medem esforços para ajudar os intercambistas e nos fazer sentir bem e minimamente em casa. Aos professores, que em menor ou maior grau me propiciaram aprender a língua italiana e experimentar conhecimentos além do estrito conteúdo jurídico que tanto me fatiga. Aos colegas e amigos que fiz nessa viagem, com quem tanto aprendi e sorri. A Samara, que não apenas apoiou minha candidatura, mas foi verdadeiro braço direito na correção dos inúmeros formulários em inglês. A Vivi e Ioio que toparam essa aventura comigo (e que ficam mais um ano me acompanhando na graduação). A Lorrayne, que é não só suporte aos momentos mais difíceis, mas verdadeira companheira de todos os meus passos aqui, sejam certos sejam em falso. E à família, claro, que mesmo de longe ajuda e liga todos os dias para amenizar a saudade. 
Com gratidão inicio a etapa final dessa aventura. Aproveito os últimos dias de passeio. Organizo a papelada dos procedimentos de retorno. Ajeito as coisas na mala. Pego a memória do bolso, tiro uma foto e guardo no coração.
Aos que ficam para mais alguns meses, boa continuidade. Aos que encontro em 23 de fevereiro, meu até logo, cheio de saudade e amor. 

2 comentários:

  1. muito lindo sua linda, vamos aproveitar nossos últimos momentos aqui, ainda que com saudades de casa, na certeza que aqui também fica sendo um pouco nossa casa. Estou ansiosa pra poder te abraçar novamente, esse fevereiro que nos aguarde!

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, amiga!

    Li há muitos anos, ainda na minha juventude, que a felicidade estava no dever cumprido. Discordei. Parecia pouco; benefício imenso para um custo que me parecia tão pequeno...
    Ledo engano! Bastaram alguns anos de maturidade para aprender, nas concretudes da vida – e aquele teatro no ônibus, hein?! – que nem sempre é fácil pagar o preço que a felicidade exige. Pra nossa sorte, esse às vezes enigmático prêmio da sensibilidade nos chega a gotas, para que a cobrança não seja no atacado. É com a soma das micro, pequenas e médias conquistas, durante a realização de um projeto ou de um sonho, que o copo do coração transborda! O pagamento é a prestações; irregulares, ressalte-se, pois variam de suaves a intensas; às vezes se paga com sorrisos, às vezes com lágrimas.
    Acompanhei, de longe, os passos vitoriosos da autora deste Blog. A começar pelo sonho de ser intercambista na Europa, onde a paciência de esperar o momento certo foi o primeiro triunfo (poderia ter conseguido antes, se quisesse, pois tinha munição acadêmica pra isso!). E pelos muitos passos bem dados e bem sucedidos: escolhas, inscrições, burocracias, estudos, esperas... A alegria de ter conquistado o primeiro intercâmbio - um mês de duração; e a explosão de risos e lágrimas ao conquistar o intercâmbio de seus sonhos: Roma, seis meses fora do Brasil. Pagou o dolorido preço da separação, das despedidas de familiares, amigos e colegas, e aterrissou na lendária capital italiana.
    E foi aí que começou a pagar as prestações mais pesadas da realização de seu sonho-projeto: adaptações, descobertas, a pressão psicológica na busca de um apartamento, burocracias, instabilidade emocional, “malattia” (quem quiser saber que pesquise, né Larinha?)... Mais detalhes na postagem A Roma com que (nunca) sonhei – no Blog de Larissa Nunes Mota.
    E foi aí que começou a colher, também, gotas e mais gotas de pequenas e significativas vitórias: passeios, amizades, museus e mais museus, visita da irmã e de conterrâneos, superação das dificuldades em entender os nativos da língua, viagens a Londres, Grécia e a inúmeras cidades italianas – incluindo a inesquecível Bologna com os hospitaleiros Anselmo & Maristela –, notas boas, encontros, conhecimentos! E os meses se passaram...
    No texto Gratidão, que ora comento, Larissa condensa em palavras bem escritas o misto de alívio e contentamento de quem pagou o preço. Seu copo transborda! É o justo direito a essa felicidade tão especial, compartilhada por uma pessoa tão especial. Prêmio-êxtase colhido no pódio do dever bem cumprido.
    Parabéns, filha. Obrigado, amiga.

    ResponderExcluir