sábado, 24 de janeiro de 2015

O tempo humano da imprecisão


Um semestre parece pouco quando se está nos afazeres rotineiros de anos consecutivos. Dia após dia de correria. Quando vimos já passou um mês. E logo depois já chegou a próxima estação. E logo já estamos estudando para as provas de fim de semestre. E já começa o outro semestre. E logo, logo já é natal.
O fato é que o relógio não é senão medidor automático e racional do tempo. O tempo que a gente vê passar. Mas na verdade o tempo não é para se ver, e sim para se sentir, com os acontecimentos e com a irracionalidade do coração.
E aí não há relógio no mundo que dê conta da imprecisão dos sentimentos humanos.
Os primeiros meses aqui em Roma passaram tão lentamente que eu pensava que um semestre fosse durar uma eternidade. Mas, logo que me adaptei, o ponteiro do relógio acelerou, e hoje falta apenas um mês para o meu retorno. A vida passa rápido quando se está adaptado a ela.
Durante esse semestre, tanta coisa perdi em Goiânia. Casamento da mãe de uma grande amiga, aniversário de tantas amigas, do amor, de duas irmãs, do meu pai, do meu cunhado, das minhas avós e das minhas tias, formatura da minha irmã... E chegarei em Goiânia uma semana depois do aniversário da minha sobrinha.
Além de tudo isso, perdi dois momentos muito importantes nessa semana. Um deles é hoje: o aniversário de casamento de 40 anos dos meus pais. 40 anos! Quatro décadas. É uma vida ao lado de alguém, não é? Décadas que com certeza, depois de adaptados ao casamento, meus pais nem viram passar.
Fico imensamente feliz e gratificada por ser parte dessa família e ser cria desse maravilhoso casal. Quem os conhece sabe o quanto eles são exemplo. De casal, de pais, de avós, de provedores e mantenedores de uma família unida e feliz de quatro filhas, duas netas e um genro.
Papai, mamãe, hoje lhe digo que espelhadas em vocês nós também somos filhas exemplo (ou ao menos tentamos ser). E por isso estamos preparando para vocês um jantar nesse dia tão especial. Infelizmente não estou aí para fazer parte dessa comemoração, mas quero dizer, ainda que de longe, que vocês são referência na minha vida. Que me espelhando em vocês eu quero completar 40 anos de uma união feliz. Que vocês são merecedores de chegarem aonde chegaram, pois batalharam, se uniram e se amaram em cada dia desses 40 anos. Com brigas de vez em quando, é claro. Mas com uma paciência e um amor raros de se ver.
Parabéns pelos 40 anos e que haja ainda mais 40 a se viver e comemorar.

Hoje escrevo também para parabenizar a minha turma de graduação, que se formou antes de ontem. Outro momento de que eu queria muito ter feito parte. Mesmo de longe eu acompanhei, pelo site da TV UFG, a cerimônia de colação de grau. E me emocionei junto com vocês.
Meus parabéns vão especialmente para as cinco Girls que se formaram. Amigas que me conquistaram aos poucos, as Girls são hoje um grupo de dez meninas que se amam e se entendem e vivem uma imensidão de momentos bons e ruins juntas. Metade delas se formou agora. A outra metade resolveu adentrar no mundo do intercâmbio e por isso se forma só no ano que vem.
Para as Girls que já cumpriram essa jornada da graduação, desejo sucesso e felicidade. Desejo principalmente que vocês saibam usar da melhor forma possível esse pedaço de papel que lhes confere o status de bacharéis em Direito. Esse papel tem poder, vocês sabem disso. Um papel que pode fazer as pessoas erroneamente lhes chamarem de “Doutoras”. Um papel que imprime não apenas palavras, mas principalmente status e poder e condão para dizer (ou ditar) a dita “verdade”. Diante disso, desejo que vocês não deixem o poder lhes subir à mente. E que saibam usá-lo a favor do bem. Que saibam escolher carreiras de acordo com o que dá estabilidade financeira, mas principalmente de acordo com o que lhes dá prazer e felicidade e luta por um mundo menos lixo.
Foram cinco anos de muita, muita, muita, muita coisa vivida e experimentada. Parece que foi ontem que eu, toda tímida, fui aos poucos me aproximando do grupo (tá, não foi tão aos poucos, né? Foi uma loucura de convidar quase desconhecidas para fazer um trabalho na minha casa kkk). O importante é que vocês acolheram essa menina tímida e estranha, e lhes sou eternamente grata por isso – e por tanto mais.
Foi uma a uma que eu conquistei. Lembro-me bem. Eu e Sofia já éramos amigas quando, através de uma amizade com a Io, entramos para o grupo. Aos poucos me aproximei da Vivi, que com muita facilidade conseguia me arrancar várias palavras e desenvolver um diálogo tranquilo. Logo me aproximei da Lets, com nossa paixão pela criticidade e pela Filosofia e pelo cinema (lembra dos filmes no Campus, Lets?). E depois me aproximei da Samis, que se tornou amiga tão próxima que em pouco tempo me vi compartilhando os segredos mais íntimos com ela. E depois a Nanda e a Ana Paula e a Camila e a Nath. Fui descobrindo aos poucos a beleza de cada uma de vocês, e fui me aproximando, e fui me encantando.
Meninas, vocês todas são incríveis e são únicas. E me aperta o peito saber que não vou me formar com vocês e que agora seguiremos rumos diferentes e não nos veremos mais todos os dias nem sairemos para almoçar no Júnior’s ou no Sal da Terra ou no Bocaccio. Não mais precisaremos salvar a pele uma da outra nos trabalhos e provas e chamadas. Não mais tomaremos todo dia um café com pão de queijo ou empada no Direito ou na Educação.
Mas continuo na Biblioteca, e espero encontrar todas vocês lá (para eu escutar os funcionários falando mal de vocês, as novas concurseiras que lotam a Biblioteca e abusam da wifi com as videoaulas kkk).
Espero não me afastar de vocês. Espero que a gente marque encontros, saídas, visitas nas casas umas das outras. Quero ainda muitos dias de Karaokê e noites de filmes ou de barzinhos. Quero dias na chácara do Ricardo e na minha chácara e na casa da Vivi e na casa da Samis etc etc etc.
Quero muito viver muito com vocês.
Para as Girls que se formaram, muita sorte e muita força e muita garra e muito juízo. Para as Girls que ficam mais um ano na FD comigo, nos encontramos ainda diariamente por mais um ano, para nos dar suporte e juntas estudarmos para a OAB e os concursos da vida.
Porque, vocês sabem, somos um grupo de dez mulheres que conquistará o mundo.

Who run the world? GIRLS!

2 comentários:

  1. Obrigado, amigas!
    Acabo de descobrir que existe, na FD, um grupo de dez jovens que se autodenomina ‘Girls’; e que Larissa faz parte dele; e que esse grupo tem o propósito de conquistar o mundo!... Ótimo!!!
    Estou ocupando espaço neste providencial Blog ‘From Europe to Love’ para agradecê-las, em nome da família Nunes Mota. Afinal, o ‘Mundo da Lara’ tem suas leis (ela faz Direito, né?), e uma delas chama-se Lei de Afinidade. Se vocês, lindas girls, fazem parte dele é porque todas vocês são muuuuuiito especiais. São estrelas que gravitam uma em torno da outra no céu da amizade e do idealismo. Queremos agradecê-las porque o alicerce afetivo que esta família constrói diuturnamente para as filhas, com a contribuição e participação delas também, é pequeno quando ganham o mundo – ou quando o mundo as ganha? – e outros alicerces se tornam oportuno e até necessários.
    Obrigado, amigas Sofas, Io, Vivi, Lets, Samis, Nanda, Ana Paula, Camila, Nath... e Lara! – the GIRLS who run the world!

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  2. Obrigado, amigas!
    Acabo de descobrir que existe, na FD, um grupo de dez jovens que se autodenomina ‘Girls’; e que Larissa faz parte dele; e que esse grupo tem o propósito de conquistar o mundo!... Ótimo!!!
    Estou ocupando espaço neste providencial Blog ‘From Europe to Love’ para agradecê-las, em nome da família Nunes Mota. Afinal, o ‘Mundo da Lara’ tem suas leis (ela faz Direito, né?), e uma delas chama-se Lei de Afinidade. Se vocês, lindas girls, fazem parte dele é porque todas vocês são muuuuuiito especiais. São estrelas que gravitam uma em torno da outra no céu da amizade e do idealismo. Queremos agradecê-las porque o alicerce afetivo que esta família constrói diuturnamente para as filhas, com a contribuição e participação delas também, é pequeno quando ganham o mundo – ou quando o mundo as ganha? – e outros alicerces se tornam oportuno e até necessários.
    Obrigado, amigas Sofas, Io, Vivi, Lets, Samis, Nanda, Ana Paula, Camila, Nath... e Lara! – the GIRLS who run the world!

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